O modelo de piano mais comum em todo o mundo é o vertical, ou “de armário”, chamado assim pelo fato de que pode ficar próximo a uma parede, simulando o famoso móvel.
Por conta do comprimento menor das cordas e pelo fato de a caixa de madeira cobri-las, o volume sonoro dos modelos verticais é frequentemente menor do que o dos pianos de cauda, o que o torna ideal para pequenos ambientes, como apartamentos, quartos de estudos, salas de escolas e, até mesmo, pequenos bares e restaurantes.
Mecânica do piano vertical
Necessitando de menos espaço do que os de cauda, esses modelos trazem as cordas e a tábua harmônica dispostas na vertical, perpendicularmente ao teclado, com o mecanismo em frente a elas.
A mecânica de um piano vertical, embora disposta de forma diferente, oferece a mesma precisão encontrada nos modelos de cauda, com particularidades sutis relacionadas ao comprimento da extensão das teclas no interior do instrumento e ao funcionamento de alguns mecanismos. Para retornarem à posição de repouso, por exemplo, os martelos do mecanismo de ação dos pianos verticais dependem de molas.
Em relação aos pedais, os pianos verticais também trazem pequenas diferenças em relação aos modelos de cauda, para adaptá-los ao uso nesses espaços e ao estudo. O pedal esquerdo, quando pressionado, faz com que todos os martelos se aproximem das cordas. Assim, o volume do som é reduzido.
O pedal do meio, ao ser pressionado, abafa o som por meio de uma fina tira de feltro posicionada entre as cordas e os martelos. Por fim, o pedal direito, ou de sustentação, que assim como nos pianos de cauda, deixa os abafadores levantados mesmo com os dedos fora das teclas, sustentando as notas tocadas.
Nos pianos de armário ou verticais, também chamados “upright”, a tampa localizada no alto do móvel realiza uma função importante. Aberta, propicia mais sonoridade. Fechada, abafa parte do volume sonoro.
Por se tratar de um instrumento mais direcionado para uso doméstico ou escolar, os pianos de armário são pouco utilizados em apresentações ou gravações, mas, quando empregados para essas finalidades, também podem ter sua sonoridade aumentada pela abertura da tampa superior e, muitas vezes, a retirada da parte frontal do móvel.
Surgimento dos pianos verticais
Os pianos verticais surgiram no início do século 17 por conta da demanda por pianos menores e que coubessem em casas e pequenos espaços, pelo fato de o instrumento ter atingido alta popularidade e seu estudo fazer parte da educação da sociedade da época.
Com a proliferação das fábricas de piano, diversos modelos foram lançados e muitas marcas ficaram disponíveis, ocorrendo uma seleção natural pelas de maior qualidade. Por conta disso, ainda são encontrados pianos de armário de mais de 50 anos de idade, muitos deles ainda em perfeito estado de funcionamento, graças às manutenções regulares necessárias e os cuidados dispensados a essas verdadeiras peças de coleção.
Tipos de piano vertical
Da mesma forma que ocorre com os pianos de cauda, existem diversos modelos de pianos verticais, adaptados às várias necessidades de sonoridade e espaço e desenvolvidos de forma a oferecer uma perfeita relação entre estrutura e timbre, além de outras características como número de pedais, quantidade de teclas e detalhes de acabamento. E o tamanho menor deles não significa que tenham menor qualidade.
Para o estudo, os pianos de armário de boa procedência têm a mesma qualidade e proporcionam o mesmo desenvolvimento do músico que os de cauda, tanto em relação à parte técnica e dos movimentos quanto em relação à construção da sonoridade e da interpretação.
E é importante frisar que o tamanho do piano não é determinante para sua qualidade: não é porque um instrumento é grande que é melhor que outro, mas apenas que ele pode ter volume sonoro maior.
Inclusive, para que os pianos de armário reproduzam toda a potência sonora de que são capazes, é aconselhável que se mantenha um pequeno espaço de aproximadamente 10 cm entre ele e a parede na qual está encostado, para que a vibração da tábua harmônica direcionada à parte posterior do instrumento não seja abafada.
Atualmente existem modelos supercompactos que atendem bem estudantes e músicos mesmo em pequenos apartamentos e proporcionam as mesmas características técnicas de pianos maiores, com teclado com resposta precisa e peso compatível com os expoentes do mercado.
A grande variedade de acabamentos e estilos de móvel, dos mais tradicionais aos mais modernos - com cores que variam do branco ao preto de alto brilho, passando por todos os tons de madeira e até mesmo pinturas customizadas - também garante que os pianos verticais possam ser facilmente incorporados à decoração de qualquer ambiente, sejam residenciais ou comerciais.
Porta-partituras
Quanto ao porta-partituras, também houve evolução. Nos modelos mais antigos, esse elemento apresentava tamanho suficiente para apoiar apenas um livro de partituras aberto, mas, com o passar do tempo, se verificou que tanto o estudante quanto os profissionais precisavam de maior área de apoio, a fim de terem à vista uma quantidade de páginas maior (quatro ou até cinco em alguns modelos), sem ter que tirar a mão do teclado para virá-las ou interromper o estudo ou a performance.
Geralmente, o porta-partituras é fixado na parte interna da tampa do teclado e aberto quando necessário, não possui ajustes de distância ou inclinação, que são desnecessários pela proximidade e pela altura que a partitura fica posicionada em relação ao músico, e são mais eficientes quando são necessárias anotações.
Piano vertical e estudo
Em escolas de música, os pianos verticais possibilitam o uso em salas de pequenas dimensões e, por conta do investimento menor em relação aos pianos de cauda, um maior número de unidades pode estar disponível para alunos e professores.
Os pianos verticais, portanto, democratizam o estudo do instrumento ao possibilitar que mais pessoas e instituições tenham acesso a ele, seja por conta do menor valor a ser investido, seja por conta do espaço necessário para acomodá-lo, contribuindo para a divulgação desse que é o mais completo dos instrumentos de cordas.